História de Acari
Histórico do município de Acari.
Cícero José de Araújo Silva[1]
Acari surgiu como um pequeno povoado à margem direita do rio Acauã. O lugar inicialmente era usado como ponto de descanso e apoio logístico por pessoas que vinham do litoral e comercializavam em grandes praças como Recife. Com o tempo, o espaço ao redor do poço foi sendo transformado, de lugar para descanso, para um terreno fixador de pessoas, que, aos poucos, se assentavam de maneira sedentária. Nesse sentido, ao agregar em si as condições necessárias para a sobrevivência, a margem do rio foi, paulatinamente, sendo ocupada por cabanas que, de maneira desordenada, juntavam-se ao redor da importante fonte de água. Isso permitiu que, por volta de 1720, um pequeno povoado se formasse.
Por volta de 1725, o sargento-mor Manuel Esteves de Andrade tornou-se um dos primeiros povoadores daquela localidade ao comprar a fazenda do Saco, posteriormente chamada de Saco dos Pereiras, de seu parente, Nicolau Mendes da Cruz, um crioulo forro que adquiriu terras na ribeira do rio São José. Admite-se que o sargento-mor veio à ribeira do Seridó na condição de cobrador de dízimos e que decidiu construir uma pequena capela no local para atender aos pedidos de sua mãe, que só viria morar nos sertões se houvesse um templo religioso. Assim, em novembro de 1737, Manoel Esteves de Andrade endereçou uma petição ao bispo de Olinda pedindo licença para erigir uma capela nos sertões do Acary. Finalmente, com a autorização, a capela foi erguida e consagrada a Nossa Senhora da Guia em abril de 1738.
Antes de 1750, já existiam duas fileiras de casas partindo de ambos os lados da Igreja do Rosário. A Povoação de Acari foi formada, em linhas gerais, por habitações familiares alinhadas, localizadas no alto de um terreno com vista para o rio Acauã, que corria no fundo de um pequeno vale, logo atrás das casas.
Com a entrada do século XIX, a povoação de Acari passa a ganhar contornos e delineamento “urbano”, especialmente quando os fazendeiros resolveram reconstruir suas casas da rua no aglomerado. Assim sendo, em 11 de abril de 1833, o município de Acari foi criado pelo Presidente da Província. Esta criação foi aprovada pela Lei Regencial de 3 de julho de 1833.
Em 26 de fevereiro de 1834, a Villa do Acary recebeu seu primeiro Código de Posturas Municipais e no artigo nº 8 chama atenção para o cuidado com o asseio das ruas, bem como das casas da aglomeração, como observamos no trecho a seguir: “Em todo o cabeça de casal será obrigado a ter limpas as frentes de suas casas nas povoações, nas quatro festas principais, de cada humano, sob pena de pagar por cada vez que faltar a limpeza, duzentos réis para as despesas da Câmara”.
A partir de 1850, Acari começou a experimentar uma prosperidade econômica vinda principalmente do algodão. Essa situação permitiu que outro templo fosse erguido para ser a matriz de Nossa Senhora da Guia. A construção se deu entre 1857 e 1863 e contou com o auxílio dos fazendeiros mais abastados do lugar. Na última metade do século XIX, o desenvolvimento urbano se torna visível através do crescimento do comércio e do surgimento de novas tipologias arquitetônicas. Devido à consistência em sua urbanização, Acari recebeu o título de cidade em 15 de agosto de 1898.
[1] Bacharel em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Mestrando em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.